O Jiu -Jitsu é uma
arte marcial que mistura golpes e defesas afins de imobilizar o
oponente. Inicialmente praticada por budistas, foi no Japão que a
luta se aprimorou e ganhou popularidade. A arte milenar que
atravessou fronteiras, chegou no Brasil e conseguiu formar um legado
de atletas e fãs do esporte. Mas para muitos desses lutadores
brasileiros, essa arte vai além dos tatames, onde o adversário
principal é a falta de dinheiro. Foi pensando em levar os conceitos
e técnicas do Jiu - Jitsu para pessoas carentes que o lutador Cicero
Barbosa da Costha, morador do Ipiranga há mais de dez anos, criou o
projeto social “Lutando Pelo Bem”, que funciona dentro de sua
academia. “ O intuito do projeto é tirar jovens da rua, fazer com
que eles treinem e pratiquem esportes. Essa luta é muito cara e eu tive a opção de treinar de graça. Hoje eu consigo e posso fazer o mesmo para
outros que estão precisando.”conta. O projeto completou cinco
anos e atende gratuitamente crianças, adolescentes, adultos,
profissionais e iniciantes,a maioria deles vindos de outras
academias.
O Lutando Pelo Bem orienta os jovens usando a disciplina
do esporte, Cicero auxilia os alunos conseguindo descontos em
campeonatos.
Para ele, esse é o primeiro passo para os atletas ganharem responsabilidade e se auto sustentarem. “ Os alunos conseguem se manter com o dinheiro das premiações,desse jeito eu posso ajudar aqueles que estão começando até eles se ajeitarem também. Aqui um ajuda o outro, arrecadamos dinheiro nos campeonatos para alimentação e pedimos ajuda para terceiras pessoas também”. O ipiranguista conta que no começo, para chamar a atenção do público, a divulgação do projeto era feita através de panfletagem nas ruas e anúncios nos veículos locais, hoje a internet e a indicação dos próprios alunos ajudam a facilitar a chegada de novos membros.
Para ele, esse é o primeiro passo para os atletas ganharem responsabilidade e se auto sustentarem. “ Os alunos conseguem se manter com o dinheiro das premiações,desse jeito eu posso ajudar aqueles que estão começando até eles se ajeitarem também. Aqui um ajuda o outro, arrecadamos dinheiro nos campeonatos para alimentação e pedimos ajuda para terceiras pessoas também”. O ipiranguista conta que no começo, para chamar a atenção do público, a divulgação do projeto era feita através de panfletagem nas ruas e anúncios nos veículos locais, hoje a internet e a indicação dos próprios alunos ajudam a facilitar a chegada de novos membros.
De acordo com Cicero, o número de pessoas que ele
recebe por semana variam muito, ele calcula que o projeto social atrai
em torno de 200 alunos . “ Tem horários e dias que aqui esta
lotado, mas nem todos eles completam o circulo. Em compensação,
temos vários Faixas Pretas que começaram do zero aqui. A gente já
formou campeão brasileiro, mundial e paulista.”
O centro de
treinamento também serve de moradia para alguns atletas vindos de
outros estados, pois além dos moradores da capital, o projeto recebe
jovens de Manaus, Paraná e Rio Grande do Sul. Atualmente o lutador
abriga oito desses alunos dentro da academia e tem um papel tão
importante na vida deles quanto o de treinador “ Muitos vem treinar
aqui porque gostam do público e do espirito de equipe. Eu tento
ajudar sempre. Quando eles arrumam serviço, fica mais
fácil .” explica Costha.
Diego Henrique Trindade de 24
anos, é natural do Rio Grande do Sul e mora há um ano e meio junto
com sete colegas na academia Cícero Costha. Apelidado de “Tchê”
pelos companheiros de treino, Diego começou a lutar Jiu – Jitsu
aos 15 anos e se identificou com a luta. Para ele, o projeto Lutando
Pelo Bem é um ótimo benefício para aqueles que não tem
oportunidade. “ O trabalho feito pelo projeto é bom, incentiva
crianças a interagirem com o esporte. Isso é importante, pois as
crianças são o futuro do Brasil”. O jovem lutador conheceu
Cícero durante uma seletiva realizada no ano passado na cidade de
Gramado. “ No mesmo ano em que fui apresentado ao professor Cicero
eu me mudei para cá. Gosto daqui porque o treino é forte e a equipe
é boa, desse jeito estou evoluindo cada dia mais para chegar onde
quero”. Diego conta que a parte mais difícil desse processo é
ficar longe da família e da terra natal, mas é com a presença dos
novos amigos e do próprio treinador que ele os outros conseguem
seguir em frente. “ Tem que ser meio frio nessa hora, a saudade
aperta para todos. Eu estou correndo atrás de um sonho e a família
tem que entender.” diz. O sonho de Tchê é conquistar seu espaço
nas Artes Marciais.
A trajetória de Cicero é semelhante ao de seus
alunos, ele nasceu em Alagoas e com 21 anos veio tentar a sorte em
São Paulo. Quando chegou na capital, começou a trabalhar com um
amigo que o introduziu na luta. “ Eu só conheci o Jiu – Jitsu
quando vim para cá, um amigo me levou a uma academia em que ele
praticava. Na primeira vez eu não gostei, mas na segunda vez fui em
outra academia e curti.” lembra. Hoje, com 35 anos, Cicero Costha
coleciona medalhas conquistadas com muito trabalho em campeonatos paulistas, mundias e
amadores.
A pequena academia de Cicero fica localizada no bairro do
Ipiranga, porém o espaço é alugado e sobrevive do valor fixo
cobrado dos seus poucos alunos pagantes. É com esse dinheiro que ele
consegue arcar com gastos de luz, água e aluguel do lugar. Os
equipamentos usados nos treinos também são comprados por ele, a
única coisa que vem de doação são os Kimonos infantis. Apesar de
ser conhecido no bairro,o lutador diz que os moradores tem receio de
ajudar o projeto. “ O pessoal da região considera a luta violenta,
por isso não ajudam. Mas nós aqui trabalhamos pelo bem e para
ajudar outras pessoas, é uma pena que eles pensem assim.”
A próxima competição de Cicero será em Julho,no Internacional Master e Senior de Jiu – Jitsu. Dessa vez ele estará do lado de fora dos tatames, apoiando os alunos que começaram com ajuda do projeto Lutando Pelo Bem. Enquanto os "filhos de luta" de Cicero fazem sua parte lá dentro, o professor Costha ainda batalha por sua última conquista aqui fora “Meu sonho agora é ter meu próprio espaço para treinar e continuar esse projeto”.
A próxima competição de Cicero será em Julho,no Internacional Master e Senior de Jiu – Jitsu. Dessa vez ele estará do lado de fora dos tatames, apoiando os alunos que começaram com ajuda do projeto Lutando Pelo Bem. Enquanto os "filhos de luta" de Cicero fazem sua parte lá dentro, o professor Costha ainda batalha por sua última conquista aqui fora “Meu sonho agora é ter meu próprio espaço para treinar e continuar esse projeto”.
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