Editora Globo, a gente se vê por aqui

Despedidas são sempre complicadas, elas estão acontecendo em todos os lugares do mundo, todas horas e em todos os momentos das nossas vidas. Se pararmos para pensar, tudo que tem um começo com certeza vai terminar com uma despedida, mesmo que a gente não perceba ou não queira. No ônibus,no metrô, com o tio da padaria ou em outras centenas de situações corriqueiras a gente vive se despedindo sem perceber se é uma despedida de verdade. O fato é que sentimental como sou, não poderia deixar de escrever sobre o que aconteceu com minha vida durante essa semana, cujo o tema principal dela foi marcado por DESPEDIDAS. Esses dias foram difíceis, me fizeram refletir sobre minha história e sobre o que eu quero para o meu futuro. Quando ficamos triste, eu pelo menos, as coisas ficam mais sensíveis e começamos a enxergar nosso passado de uma outra forma. No meio da noite, comecei a lembrar das despedidas da minha vida, acho que todo o ser humano tem a sua "caixinha de despedidas" guardada em algum lugar da memória e do coração. Quando lembramos do fim, automaticamente aparece aquele começo e foi desse jeito que eu me recordei de quando entrei na EG.

Quando cheguei na Editora Globo fiquei duas semanas no RH/ADM, não era o que eu queria mas certamente me abriu os olhos para outros fatores que até então eu não entendia. Conheci pessoas que me quebraram vários galhos durante esse tempo que trabalhei no andar de cima, aprendi e entendi como eles eram pressionados por todos os lado e inclusive por nós também. A partir disso, fazia meu trabalho pensando neles e na semana que passei lá. Impressionante como faz diferença você entender o trabalho dos outros né. Quando cheguei na redação, subi com a visão do ADM sobre algumas assistentes e notei que algumas assistentes também tinham a mesma visão do ADM. Visão péssima de ambas as partes, ainda bem que tive essa oportunidade, meio que sem querer, de participar de uma outra área. No começo eu era meio bobinha por achar que depois de começar como Assistente I iria subir de cargo até virar repórter, me lembro até da cena em que eu pergunto essa questão e a moça do RH faz sinal de afirmativo com a cabeça. Tá bom, senta lá e espera. Hoje eu percebo que não teria chance de crescer muito na EG, pelo menos não agora. Lá e em outras editoras também só por Q.I (Quem Indicou ) ou formado pelas tops USP,CÁSPER,METODISTA. Não foi o meu caso. Sim, podem falar que quem faz a faculdade é o aluno e eu não discordo disso, mas no mundo do mercado de trabalho as coisas são bem diferentes. Além de força de vontade, tem gente que tem que contar com oportunidade,sorte e especialização para conseguir se igualar ao “nível” desejado pela empresa, o que não esta totalmente errado. Mas isso é uma outra discussão.

Minha função na EG não era das minhas preferidas e isso todo mundo sabia. Sempre deixei claro minhas pretensões futuras desde o começo e a Monet me ajudou bastante nisso, talvez se fosse em outra revista eu não teria essa mesma chance. Eu era Assistente de redação ou secretária como muita gente falava, pertencia ao que eu chamava de Classe A, ou seja, a classe das assistentes. Uma classe meio “diferenciada”, onde a gente tinha que ser o “Cartão de Entrada” da revista. Repito, uma classe “diferenciada”, pau para toda a obra e que muitas vezes levava na “cara” por culpa dos outros, por culpa de colaborador irresponsável, culpa de chefe desligado e culpa de borderô estourado. Muita gente me falava que trabalhar na Monet era moleza e eu nunca discordei, me falavam que eu tinha sorte por ter uma equipe tão unida e um diretor compreensivo e disso eu também não vou discordar. Alias, aprendi bastante com meu chefe e não só no aspecto jornalístico da coisa. Tive que me tornar mais organizada, aprender a pressionar quando é preciso e principalmente entender de números e ter uma visão da empresa como um todo. Na boa, ouvindo as histórias das minhas colegas de cargo, acho que meu chefe era um dos únicos que entendia a EG como um todo e não só da sua própria revista. Sempre achei que ele deveria fazer uma palestra para os outros diretores de “como entender além do seu próprio cargo”, a EG vive fazendo palestra, quem sabe com uma dessas alivia a carga de culpa que muitos jogam nas suas assistentes ou em outros departamentos né. Na minha opinião não é só a Classe A que necessita de palestra de comportamento, todo mundo precisa (DESABAFO que estava engasgado).

Eu aproveitei bastante meu tempo como A, me considerava uma esponjinha, tentava absorver tudo de todos os lados e absorvi. Não posso deixar de falar que contei com ajuda de assistentes mais experientes nessa empreitada e foi essa a melhor parte; as amizades. Conheci gente bastante especial dentro dessa classe, não era amiga de todas mas todas compartilhavam algo em comum. Não tem como falar o nome de cada uma, mas em resumo são mulheres, mães, estudantes, pequenas, grandes,choronas, sorridentes, bravas,engraçadas,lutadoras, amorosas e assistentes. Sim, me incluindo nessa, eu era a reclamona, não gostava de ser assistente, principalmente depois que me formei. Mas eu curtia o ambiente da redação, minha equipe e minhas grandes amigas e companheiras de Excel, minha gangue. É estranho como as coisas funcionam, esse ano cheguei no meu limite de tentar ser uma assistente excelente, cansei e desanimei do que fazia. Não coloco a culpa em ninguém, ficava triste por ir trabalhar com esse sentimento, afinal de contas, eu gostava de trabalhar lá. As vezes fico pensando que deveria ter feito mais, mas a verdade é que quando a “relação” se acomoda, NADA mais pode ser feito. E foi isso que aconteceu comigo e com a Editora Globo.

Eu nunca gostei de falar sobre despedidas, principalmente quando ela não é prevista. Ela te deixa sem rumo, meio perdida, isso acontece porque a gente se acostuma com a rotina. Vem aquele medo e desespero, acompanhado de lembranças e falta de sono. Até as redes sociais viram alvo dessa sensação chata, atualizações, comentários , fotos e confraternizações. Da vontade de excluir todo mundo só para não saber o que está acontecendo naquele lugar, quem são as pessoas novas e quem vai ser efetivado. Pode ser um exagero o que estou falando, mas eu me sinto como se tivesse levado um fora do meu namorado depois de três anos de relacionamento. E com certeza eu não iria querer saber mais nada da vida dele. Meio criancice da minha parte, eu sei. Hoje em dia, se eu excluir minhas listas de contatos fico sem emprego, principalmente se tratando da bendita profissão que escolhi. Mas é isso que acontece quando a gente não tem controle emocional, se apega fácil as coisas e depois fica difícil deixá-las. Aqui esta a rainha do descontrole de emoções.

Uma das melhores coisas que me aconteceu esse ano foi entrar na academia,claro que foi um dos benefícios oferecidos pela Editora Globo e eu aproveitei o máximo que pude, inclusive, acho que só aguentei permanecer na Editora sem pirar e pedir para sair graças a esse beneficio. Essa academia me motivou bastante e me ajudou a superar as limitações da minha deficiência, fiquei menos desequilibrada e por seis meses deixei de cair igual a um cocozinho na privada. Devo agradecer aos professores que me auxiliaram nos aparelhos e tiveram paciência comigo e com as outras pessoas preconceituosas que me olhavam com aquele olhar de dó e achavam que eu não escutava o que elas falavam de mim, e olha só, não é que eu escutei muito bem as conversas delas. Tenho que agradecer também porque graças a esses exercícios eu já posso passar na frente de uma obra e levar cantada e o famoso “fiu fiu” dos pedreiros, aleluia senhor (kkkk, piadinha).

Bom, voltando a minha principal despedida. MONET

Eu sempre deixei claro aqui que a Revista Monet foi minha verdadeira faculdade e sem querer puxar sardinha para o meu lado,foi mesmo. Foi nessa revista que aprendi certas coisas que universidade nenhuma explica e eu só tenho que agradecer tudo que foi me ensinado lá. Alô faculdades de jornalismo que valorizam mais a escrita do que a foto , texto e arte de uma revista,jornal ou site andam de mãos dadas viu, um complementa o outro. Nada de deixar o povo da arte escolher a foto ou preparar o layout da página sozinhos, repórter que sabe escrever laudas e mais laudas também sabe ajudar nisso. Mas como tudo na vida tem um fim, terminou minha relação de três anos e pouquinho com a editora globo e do mesmo jeito com a Monet. Tenho certeza que nada é por acaso e tudo está escrito,antes de participar dessa revista eu já era viciada em filmes, séries e etc. Quando meus amigos do colegial souberam que eu trabalhava em uma revista que falava justamente sobre isso, eles sabiam que eu tava no lugar certo. E eu estava mesmo. Mas quando conheci a equipe da Monet, notei que perto deles eu não conhecia nada da sétima arte, notei que quando você é estudante e trabalha com pessoas que fazem aquilo que um dia você quer fazer, você sente medo e eu senti muitas vezes. A Monet foi meio que minha outra casa de certa maneira, me ensinou valores e durante esse tempo muita coisa aconteceu na minha vida pessoal, eu cresci e ela também. Eu não sei se vou sentir falta de fazer pagamentos ou cuidar do orçamento da revista, mas to sentindo falta do ambiente e do contatos com as pessoas que fiz para realizar cada procedimento desse. Foi difícil ir embora, está sendo na verdade. Recolher as minhas tranqueiras da mesa, entregar as cartas dos assinantes, repassar os pagamentos, dizer adeus e não voltar lá no dia seguinte. Chorei bastante nesse dia, tomei calmante nesse dia e olha que eu nem amava o que fazia, mas foi lá que dei meus primeiros passinhos como jornalista e como ser humano também, foi lá que fiquei mais esperta e ganhei malícia , aqui no meu blog a grande parte dos posts tem a Monet no meio, tanto que virou até tag (marcadores para quem não sabe). A realidade é que eu sempre soube que lá na revista eu não teria chance de ser repórter e não por incapacidade ou maldade, ficou meio na cara depois que graduei. A Revista e até minha equipe mesmo precisavam mais do meu trabalho como assistente do que como jornalista, dava para entender pois finalmente a Monet tava ganhando espaço, estava sendo reconhecida fora e principalmente DENTRO da editora.

Bom, nessa minha profissão existem muitos encontros e desencontros e por mais despedida que isso possa parecer eu prefiro e espero dizer que a gente se vê por ai, igual a um antigo slogan da Rede Globo, irmã milionária da Ed Globo. Escrever sobre isso me ajuda a aliviar minhas tristeza e também é um jeito de memorizar esses acontecimentos da minha vida. Já que eu trabalhava em uma revista de filmes, nada mais justo que encerrar esse post com a cena final de um clássico do Jim Carrey, "O Show de Trumam". A história não tem muito a ver com o que eu escrevi até agora, mas gostei do jeito que ela termina por isso escolhi a cena final do filme (olhem até o fim) em que ele se despede do público e do seu mundinho dizendo assim “ Caso eu não encontre vocês, um Bom Dia, uma Boa Tarde e uma Boa Noite” e é desse jeito simples, corriqueiro mas não para sempre que me despeço da minha querida Revista Monet.

Comentários

Valtinho disse…
Parabéns Gi, lindo texto.