Meu primeiro Hackathon

 

Imagem dividida: na primeira escrito "Vamos  JUNTOS conectar e criar oportunidades para as comunidades brasileiras?" e ao lado escrito Social Hack - Edição Comunidades Criativas e Inclusivas

No último final de semana participei de um #hackathon social de três dias , meu primeiro, e foi uma experiência interessante, apesar de não ser muito para mim. Vou contar minha vivência como novata, lembrando que é o olhar a partir de um único evento, ou seja, nem todos eles são iguais.

Mas já adianto uma frustração, independentemente do projeto, acessibilidade digital não deve ser tratada como função. Acessibilidade tinha que ser regra nessas maratonas, deveria ser critério de avaliação dos jurados, seja qual for o desafio.

Acessibilidade realmente não é uma coisa simples, mas existem toolkits que podem ajudar, como a do Guia WCAG, que tem diretrizes facilitadoras para sites e apps que visam conteúdo acessível.

Notem que quando menciono acessibilidade digital, não estou direcionando para um grupo específico, seria até errado da minha parte fazer isso, até porque as pessoas são plurais e têm necessidades diferentes. E o acesso, por tanto, tem que ser inclusivo e democrático.

Quando pensamos dessa maneira fica mais fácil perceber que o “benefício é universal”.

Você não precisa ter habilidades extraordinárias para se inscrever num hackathon, basta ser uma pessoa engajada, que curte trabalhar em equipe com diferentes pessoas e principalmente ser enérgica. Escolhi uma habilidade que tinha relação com área profissional que atuo e mesmo assim não não me senti representada

Em resumo, Hackathon é uma maratona de inovação para resolver um problema, não necessariamente usando programação, isso quer dizer que você precisa ser um gênio da tecnologia para participar. Cada um tem seu tema pré definido e durante a jornada, os grupos têm que entregar tarefas que, apesar de não influenciar a decisão final, ajuda na classificação. Os desafios do meu hack eram sobre economia criativa , impacto social e inclusão de pessoas com deficiência. Os grupos tinham que escolher um desses para encabeçar o projeto.
 
Ai vai uma observação, o grupo que me escolheu era formado por dois integrantes que se conheciam e  tinham uma ideia pronta. NÃO FAÇAM ISSO. Não entrem com um projeto pronto, isso acaba com a graça do evento, que é juntar gente diferente para pensar!! Se fizer isso, avise os integrantes novos, assim dá tempo deles procuraram pessoas que querem idealizar do zero. 
 
Outra dica é, se você está sem grupo, não se desespere, coloque no chat do evento que estilo de projeto quer fazer, para qual público, qual é sua habilidade ou profissão. Muitos participantes profissionais fazem uma "seleção" antes de escolher, dessa maneira fica mais fácil achar gente com ideias semelhantes e também ajuda na disposição do trabalho do grupo. Não adianta todas as pessoas da equipe serem de marketing ou business e nenhuma delas saber fazer protótipo no Figma, por exemplo
  
No meu grupo tinha uma integrante que era rata de maratonas, fazia um #hackathon por semana e perdeu a conta de quantos ganhou, ela tinha toda a experiência na mão e usou muito bem. Deixou o resto da equipe ter a experiência completa, estava lá pelo aprendizado e não só pelo prêmio. Teve paciência de ensinar, botar pressão na hora certa e motivar nos momentos complicados. Não sei se todos os hacketeiros têm essa humildade, mas deveriam.
 
Sobre os mentores, é muito legal ter gente te auxiliando, mesmo com ideias diferentes, cada um vai dar um pitaco de acordo com a experiência. Minha dica é, abuse dessa ferramenta, mesmo que não seja da área que precisa, converse e mostre seu trabalho para o máximo que der, e se gostar de algum, cola nele. A gente conversou com bastante deles , mas teve uma que fez toda a diferença, "gongou" com nosso trabalho e fez com que revíssemos tudo. Então, confie naqueles que não elogiem seu trabalho, que te façam pensar e repensar, esses são os mais sinceros.
 
Meu grupo não conseguiu entregar o projeto final no prazo, é um sentimento frustrante e mesmo que não tenha rolado uma identificação com a ideia, tivemos um final de semana bem trabalhoso e no fim ficou bacana. Então a dica é otimização de tempo e divisão de tarefas,  a comunicação entre os integrantes é essencial.  A gente achou que estava fazendo tudo certo, mas algo faltou e mesmo que faça parte, vale uma reflexão.
 
Para finalizar, tenho um ponto importante. Existem causas que não dá para separar. Fazer um app, seja ele qual for e não pensar em Acessibilidade Digital, é  inaceitável. Eu virei a chata do grupo em relação a isso, ouvi que não dá para abraçar o mundo e só um mentor tocou nesse assunto, foi essa minha frustração no #hackathon. ACESSIBILIDADE DIGITAL NÃO É FEATURES, acessibilidade digital não é só contraste, esse tipo de coisa tem que ser critério de avaliação nesses desafios. Colocar no plano de negócio qual item do WCAG o projeto iria contemplar, seria um bom começo.

As pessoas que participam de hackathon em sua grande maioria são da área de UX, Design e Tecnologia, por isso que é super importante terem em mente que a acessibilidade tem que estar desde a ideação dos projetos e não só no fim, essa noção faz toda diferença no produto final. Imagina quantos profissionais mais preparados e ideias mais acessíveis teríamos por ai.

Lembrando que a acessibilidade é garantida e exigida pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei no 13.146/15). Quem sabe assim no futuro, teremos levantamentos que mostre que 99% do sites brasileiros são acessíveis e não o contrário.
  
  

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