(IN)Formada

Depois de exatamente 4 anos e 3 meses posso dizer que finalmente estou livre. Não gente, eu não estava presa ou terminei um relacionamento duradouro, alias a faculdade acaba se transformando em um compromisso para a gente, um grande e intenso compromisso. Sim, eu estou formada, e no caso da minha profissão preciso me manter informada também. Eu sempre gostei de ler, escrever, fofocar, polemizar e bla bla bla e se você me perguntasse os motivos de escolher essa faculdade, sem duvida seriam esses. Achava que para ser jornalista só tinha que ter essas qualidades, na verdade tem que ter mesmo. Mas existe um Elemento X ( Sim, eu assistia As meninas super poderosas) que torna o jornalismo um ingrediente especial nas vida de cada profissional dessa área, muitas pessoas sabem o que contem dentro desse ingrediente, sabem explicar os motivos dessa escolha e filosofam sobre o assunto. Porem, eu não me enquadro dentro desse grupo , ou melhor dizendo, eu sou daquele tipo confuso de ser humano sabe, aquele que muda as respostas dependendo da época da pergunta. Enfim, eu tenho varias razões em uma para ter escolhido ficar 4 anos da minha vida estudando sobre Homem e Sociedade,a história da Revista no Brasil e no Mundo, Assessoria de Imprensa entre outros. Quero mudar o mundo sim, o repórter investigativo Valmir Salaro na minha primeira palestra na facul disse que quase todas as pessoas entram no jornalismo para mudar as coisas, relaxa não vamos conseguir mudar o mundo, mas podemos pelo menos tentar melhora -lo . Colação de grau é sempre igual, mas as emoções são diferentes para cada formando, familiares, professores e pessoas. Tive três colações até agora, confesso que a do ensino fundamental foi a que mais me emocionou, talves porque eu tinha estudado 8 anos naquela mesma escola e estava chegando a minha hora de encarar a vida real. Me lembro até hoje do quanto chorei antes, durante e depois daquela comemoração, a música que tocou quando peguei meu diploma foi " É preciso saber viver" na voz do grupo Titãns, nunca me esqueço. A música que marcou minha simples cerimonia do ensino médio foi "Por Enquanto" da Cassia Eler, ela foi cantada por uma colega de turma que com sua voz doce fez muita gente chorar, eu não me lembro exatamente se chorei mas teve duas cenas que me marcaram. Uma delas foi o abraço do meu professor de física, no qual eu não tirava notas boas (nunca gostei de conta .. arghhhhh) e por isso não gostava muito, nesse dia ele me elogiou ( mesmo sabendo que eu colava muito nas provas dele) para minha avó "Parabéns pela neta", fiquei super feliz e arrependida de ter xingado as aulas que ele dava rs rs. O outro momento foi quando minha avó abraçou a Elis (minha melhor amiga) e disse " Muito Obrigada por sempre estar por perto e ser amiga da Gi", bom devo dizer que essa cena eu não presenciei, quem me contou com os olhos cheios de lágrimas foi minha própria amiga e fico emocionada com isso até hoje. Agora a colação de grau da universidade é uma coisa a parte, no meu caso o lance não foi TÃO EMOCIONAL quanto das outras vezes, afinal chega uma hora que você se acostuma a dizer adeus ou fechar mais um ciclo. Mesmo assim gostei muito dela, a música não foi tão marcante como o discurso do orador da classe, que quase arruinou minha make. Dessa vez eu não chorei , não criei expectativa e apesar de 4 anos com quase a mesma turma, os laços formados nesse período da vida são diferentes daqueles construídos no começo. Claro, correntes de amizade eterna são criadas na facul e a chance delas durarem mais do que as do fundamental é muito maior, mas no meu caso é diferente. Minha ligação com o passado é muito grande e os meus relacionamentos também. Eu não entendia porque tínhamos que estudar tanto na vida, pois a maioria da coisas não iam ser usadas, e foi quando eu entrei na Unip que entendi o porque de tantos porquês. As coisas na faculdade são estranhas e dependendo do tipo de escola que você lesionou fica mais complicado de se acostumar,é aquela impressão de falsa liberdade, de que podemos sair e entrar da sala de aula na hora que quisermos quando quisermos e sem pedir permissão para ninguém. Depois de um tempo as pessoas até estranham quando algum aluno novato desavisado pergunta para o professor se pode ir no banheiro, alem do mais muita gente troca o a hora do xixi para dar uma tragada no cigarrinho ou ir comprar pipoca com bacon com o tiozinho da frente. Rs rs me deu até saudades do cheiro agora. Eu não tenho a moral da história, acho que a vida tem dessas de ciclo que abre, ciclo que fecha igualzinhos a todos os discursos de todas as formaturas, o estudo te abre portas para varias visões, outros mundos e pessoas, mas a gente só vai aprender mesmo tudo isso na prática, na rotina, na vida. Sempre tive a sensação que tudo que estudei nesses 15 anos não iria me ajudar em nada, realmente teve certas coisas que esqueci mesmo, mas se não fosse todas essas etapas eu não teria chegado onde cheguei, isso porque eu n to nem onde eu quero ainda, e as coisas ficam mais difíceis quando você (no caso EU) é a única DEFICIENTE FÍSICA da classe, e não só de uma das classes, de todas essas classes que passei nessa longa jornada. É ruim ter que provar para você mesma e principalmente para a sociedade que uma pessoa com PROBLEMA FÍSICO pode sim conseguir muita mais do que o senso comum e a nossa própria ignorância fazem a gente acreditar. Eu não sou POP, nunca fui apesar de gostar de Boy Bands, mas talves seja essa uma das explicações que pode ajudar as pessoas entenderem os aplausos grandiosos (modéstia parte) que recebo em cada entrega de diploma, alias muita gente acha que meu sinonimo é SUPERAÇÃO,mas eu não concordo muito não. O que importa mesmo é que valeu a pena e se fosse escolher uma música para esse último captulo do meu caminho seria "Tempo Perdido" do Legião Urbana que é mais ou menos assim " Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo, temos todo tempo do mundo (...) O que foi escondido é o que se escondeu e o que foi prometido ninguém prometeu nem foi tempo perdido somos tão jovens."

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