Jornalismo Comunitário na Web - Site Judaico

Reportagem: Gisele Turteltaub
Edição: Giovanna Gomes
Edição de Vídeo: Eduardo Mate

Desde de muito tempo a internet vem ganhando cada vez mais espaço na vida da sociedade contemporânea, independente de cada pais esse veiculo funciona como um meio de aproximação entre cada cultura ou troca de informações entre a mesma comunidade. Foi o que aconteceu com o Pletz , um site feito para a comunidade judaica.

Criado há 12 anos pelo jornalista Gustavo Erlichman, o site tem o intuito de reunir judeus brasileiros espalhados pelo mundo e divulgar noticia com conteúdo relevante “ O Pletz começou como uma lista de discussão, o ListBot, a partir disso começaram a rolar debates importantes que nunca foram conversados anteriormente na mídia relacionados a religião, além de notícias de pessoas que moram em Israel e artigos interessantes.” conta o jornalista. Gustavo começou a trabalhar com a internet em 1998 e desde então percebeu que ela é uma boa ferramenta de comunicação, ele resolveu se dedicar mais ao Pletz e foi melhorando a sua qualidade visual, a hospedagem do site, transformando-o em algo funcional. Com a popularização da internet o site passou a ser mais visitado e com isso pessoas interessadas em escrever para o ele apareceram, assessorias de imprensa de entidades comunitárias começaram a reconhece-lo como mídia judaica e assim o site foi crescendo.

Outra ferramenta que ajudou o Pletz a ser conhecida na internet foram as redes sociais, Gustavo passou a incorporar o site dentro delas. Começou com o Orkut, depois o Twitter e o Facebook. Uma notícia que é colocada no Pletz automaticamente vai pro Twitter, ele também fez uma programação que outros sites de notícias judaicas automaticamente entram no twitter do Pletz. Isso gera um alcance não só aos usuários da língua portuguesa “ Fiz muitos contatos pelas redes sociais, pessoas que passaram a colaborar com o PLETZ e informam sobre palestras, cursos entre outras coisas que não são divulgadas pela mídia brasileira” diz.

No final de 2008, o twitter do Pletz foi reconhecido como um dos 10 mais importantes twitters da mídia judaica pela JTA, uma das maiores agências judaicas de notícias dos EUA “Foi um baita reconhecimento, porque foi um trabalho feito sem a intenção de chegar a esse ponto”. O número de leitores do Pletz aumentou graças ao Twitter, assim como a mudança da faixa etária dos usuários: leitores mais jovens, de diversos países, principalmente Estados Unidos, Inglaterra, Israel e França “Foi uma vitória para nós” explica ele.

Para os curiosos a palavra Pletz é o diminutivo de Pletzale, que seria as rodas e conversa do Bom Retiro antigo na época em que muitos judeus moravam no bairro. Nessas rodas eles conversavam sobre negócios, fofocas, contatos de parentes de outros países. Logo, Gustavo criou o Pletzale da internet. O site tem em média 1200 acessos diários. Por mês, mais de 32 mil. A maioria é da comunidade judaica , mas também tem muito acesso de simpatizantes dessa causa, como evangélicos e adventistas do sétimo dia, pois acreditam em preceitos judaicos . O Pletz, apesar de ser voltado para judeus, também dá voz a minorias, um exemplo disso é a comemoração para lembrar o genocídio armênio, pois há uma identificação com a ele. O site é bem dinâmico e interativo, as notícias ficam em locais fixos e os anúncios estão posicionados em locais que não atrapalham a visualização da notícias “Dou ênfase aos conteúdos, não a publicidade” mostra Gustavo que já enfrentou criticas de alguns anunciantes sobre o layout do site “ Sou contra pop-up. Vários anunciantes já pediram e sou totalmente contra. Posso deixar de ganhar dinheiro mas não coloco.”afirma. No rodapé do site tem uma barra que atrai as pessoas para mídias sociais, como o Facebook, e para atrair os leitores que estão conectados. Uma das opções é conversar com os usuários que estão online ao mesmo tempo. Uma das sessões mais acessadas são as dos colunistas, pois rendem assuntos polêmicos e de grandes discussões. O humor judaico também é bem famoso na página alem das suas enquetes e dos vídeos.

Assim como outros sites comunitários o Pletz não tem vínculo com nenhuma entidade judaica, sendo assim ele nem sempre conta com verbas de anunciantes “ Tive que aprender a ganhar dinheiro com o site. Como eu tenho as estatísticas, comecei a usar isso para atrair anunciantes. Sei quais links foram mais clicados, quais notícias foram mais lidas e isso tudo serve de argumento para conseguir anunciantes”explica. Gustavo não tem uma equipe e e sua divulgação é proporcional ao tamanho do site, considerado pequeno, ele tem que trabalhar no boca-a-boca, panfletagem, e-mail marketing, tudo de forma econômica. A mídia judaica costuma citar o Pletz como fonte de notícia, isso deixa o site conhecido “Quanto a divulgação das notícias, na minha opinião as instituições judaicas tem melhorado muito. Faço trabalhos voluntários para várias delas. Muitas tem trabalhado de forma exemplar na internet, algumas estão crescendo. A fed isr. do Rio Grande do Sul tem uma comunicação pela internet cada vez melhor, assim como a Conf Isrl. da Amazônia: tem boletins periódicos e se preocupa com o meio ambiente”acrescenta Gustavo que acha essa uma das grandes formas de divulgação. Gustavo consolida as atividades do Pletz com sua atividade profissional, ele é coordenador de marketing da maior empresa de internet da América latina, o que o deixa próximo das novidades tecnológicas e do marketing na internet, o que ajuda muito no trabalho. Durante o dia trabalha em uma empresa, recebe muito email de assessorias, instituições judaicas e vasculha notícias interessantes para o site. Uma coisa que Gustavo não faz é pegar notícias de grandes agências internacionais ou de sites de grandes portais, copiar e colar. Ele é contra a cópia de material, exceto se a mídia pediu ou autorizou a fazer isso. O Pletz cresceu nesses 10 anos com material próprio, se por acaso isso acontece, Gustavo reescreve a notícia e sita o portal como fonte. Sua rotina de trabalho começa cedo, das 9h as 18h acaba olhando o site na hora do almoço ou quando sobra uma folga, em casa, pega todas as notícias que recebe, faz um filtro e publica. Ao todo o jornalista se dedica 2 horas do seu dia para o site. A ferramenta de publicação utilizada pelo Gustavo permite que ele programe o dia e o horário que a notícia será publicada. Divulgação de anúncio de evento também acontece. “É mais do que suficiente porque a notícia chega praticamente pronta e a ferramenta permite agilidade, autonomia” conta.


Pela falta de tempo e de recurso para contratar um repórter e um fotografo, Gustavo eventualmente faz coberturas jornalisticas, pois muitos eventos da comunidade acontecem a tarde, quando o mesmo esta trabalhando. Ele conta com a ajuda de alguns colaboradores para realizar os textos, mas a maioria deles não tem noção de como se escreve para a web “ Sou obrigado a corrigir esse texto e os colaboradores não se incomodam, o máximo que faço é mudar questões temporais”. Esse jornalista de 34 anos trabalha pelo reconhecimento da mídia judaica, e procura fazer um trabalho bem feito para informar os fatos como são. O sonho de Gustavo é transformar o Pletz em um jornal impresso, mas por conta dos custos que esse tipo de trabalho tem é quase inviável de ser feito , principalmente quando se trata de um público especifico. Seja como for ele não tem jeito de quem desiste fácil , prova disso é o numero de seguidores que o site tem até agora ; aproximadamente 1800 pessoas “ Mas um dia eu vou fazer, nem quer for uma folha de sulfite com as notícias do dia. Um dia eu faço, vontade não falta.”

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